Em um cenário onde o volume de informações cresce significativamente, a capacidade de um município gerenciar e extrair conhecimento útil desses dados é o que define uma gestão moderna, eficiente e, antes de tudo, com maior capacidade de arrecadação. Neste artigo, vamos explicar como a Mineração de Dados (Data Mining, em inglês), pode ser uma ferramenta de inteligência estratégica baseada em dados brutos.
Mineração de dados na gestão pública
A mineração de dados é o processo de descobrir padrões, irregularidades e correlações em grandes conjuntos de dados, utilizando métodos de Inteligência Artificial (IA), estatística e aprendizado de máquina (Machine Learning, em inglês). O funcionamento desse processo inclui etapas como: a limpeza e organização dos dados, aplicação de algoritmos para identificar tendências (como perfis de inadimplentes ou padrões de sonegação) e, finalmente, a interpretação dos resultados para a tomada de decisões embasadas.
Essa técnica se aplica diretamente na otimização da receita no dia a dia da gestão pública municipal. Por exemplo, ao analisar dados do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), a mineração pode identificar imóveis subavaliados ou que realizaram ampliações sem a devida atualização cadastral. Assim como, na fiscalização do Imposto Sobre Serviços (ISS), é possível cruzar notas fiscais eletrônicas com outras bases de dados, como consumo de energia ou registros empresariais, para identificar fraudes ou subdeclarações. De tal forma que, ao invés de uma fiscalização aleatória e com custo elevado, o município passa a ter um alvo preciso, maximizando o retorno do esforço fiscal.
Benefícios da mineração de dados para a arrecadação
Essa inteligência estratégica é muito importante para nortear gestores na tomada de decisão. Sendo assim, conheça 10 benefícios da mineração de dados na arrecadação pública municipal:
1. Identificação e combate à sonegação
Os algoritmos detectam padrões de evasão fiscal que dificilmente seriam identificados manualmente, otimizando auditorias com foco e mais eficácia.
2. Previsão de inadimplência
Classificação dos contribuintes de acordo com o perfil de risco, antecipando ações de cobrança e negociação.
3. Atualização cadastral inteligente
A mineração de dados georreferenciados (imagens de satélite, fotos aéreas, e outros) pode revelar alterações em imóveis (novas construções, ampliações, e outros) não declaradas, servindo de base para a correção do IPTU.
4. Otimização da cobrança
Personaliza as estratégias de cobrança (lembretes e negociações, por exemplo) conforme o perfil do devedor, aumentando a taxa de recuperação de créditos.
5. Análise de tendências econômicas
Permite que o município compreenda quais setores da economia local estão crescendo ou diminuindo, ajustando a fiscalização do ISS de acordo com as alterações.
6. Avaliação imobiliária mais precisa
Utiliza dados de mercado e características dos imóveis para determinar valores venais mais justos e próximos da realidade, como base para um IPTU equitativo.
7. Redução de custos operacionais
A automação na seleção de alvos de fiscalização diminui o tempo e os recursos gastos em processos manuais, ou seja, menos produtivos.
8. Melhora na transparência e justiça fiscal
A administração demonstra maior isonomia no tratamento dos contribuintes ao utilizar critérios objetivos baseados em dados.
9. Geração de receitas não tributárias
Identificação de áreas de potencial concessão ou de uso de bens públicos, abrindo novas fontes de receita.
10. Planejamento orçamentário mais realista
Planejamento de gastos públicos com maior segurança e responsabilidade, com base em previsões de arrecadação mais cuidadosas.
Tecnologia e dados
Toda essa transformação só é possível com o apoio de ferramentas modernas e tecnológicas na gestão pública. Nesse sentido, a mineração de dados é somente uma das tecnologias de Big Data (conjunto de dados grande e complexo) e Data Analytics (Análise de dados, em português), que incluem:
- Sistemas de gestão integrada (ERP municipais);
- Plataformas de Business Intelligence (BI) para visualização de dados;
- Aplicações de IA para atendimento ao cidadão;
- Sistemas de análise preditiva.
Essas ferramentas permitem a integração de diferentes bases de dados (saúde, educação, finanças e afins) que, a princípio, operavam isoladas, criando uma visão 360° da administração.
A modernização tecnológica confere agilidade na resposta às demandas do cidadão, promove a transparência por meio de portais e aplicativos e, acima de tudo, capacita o gestor a tomar decisões baseadas em evidências. Dessa forma, é possível gerenciar demandas e planejamento da administração orientado por dados. E, como resultado, a arrecadação se torna mais previsível, justa e eficiente.